sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os movimentos anticoloniais na américa latina




De todos os movimentos anticoloniais que ocorreram no Brasil um dos mais importantes e conhecidos é a Inconfidência Mineira que teve um caráter elitista; pois vários homens importantes de Minas Gerais : Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga entre outros, reuniam-se em segredo contra a derrama e os inúmeros prejuízos que sofreriam.

O plano dos conjuras era instaurar um movimento de separação da capitania de Minas Gerais no mesmo dia em que fosse decretada a derrama, caso o movimento fosse bem sucedido seria instaurado logo em seguida um governo republicano unitário a cargo de Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Luís Vieira da Silva. Caberia a eles a redação de uma nova constituição. Um ponto permaneceu indefinido nas discussões : a abolição da escravatura, pelo fato de muitos deles serem proprietários de escravos.
Como sempre a História é imprevisível e a cobrança da derrama não foi executada como deveria pelo Visconde deBarbacena. O governador da capitania convocou algumas pessoas para comparecer à Junta da Real Fazenda a fim de efetuar os pagamentos atrasados, dentre essas pessoas estava Joaquim Silvério dos Reis, a “ovelha negra” que colocou todo o rebanho em perigo ao delatar o movimento em troca do perdão de suas dívidas. Houve também outras denuncias e foram iniciadas as prisões no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e a abertura das devassas, espécie de inquéritos para se apurar um ato criminoso. Em 1791 as investigações foram encerradas e as devassas indiciaram 34 pessoas como rés do crime de lesa-majestade, dos 34, 5 eram eclesiásticos, três falecidos e 11 foram indiciados a morte, sendo somente um desses executado; todos nós sabemos quem foi… Joaquim José da Silva Xavier, vulgo Tiradentes.

A Construção do Mito Tiradentes

A Construção do mito tiradentesLeia o trecho do Jornal “Diário de Minas” do dia 21 de Abril de 1957:
“Ouro Preto — a rica terra mineira — era lugar de homens ilustres e também idealistas. Começaram eles a traçar planos, fazendo programas, distribuindo missões entre si. Era a conspiração contra os opressores estrangeiros que se formava. E Tiradentes serviria de elo entre as províncias vizinhas. Ninguém percebia porém a chama da liberdade que se inflamaria em breve.
Mas… quem nunca ouviu dizer “uma ovelha má põe um rebanho a perder”? Houve uma ovelha má entre os conspiradores. Percebendo que ficaria bem com os que então mandavam na terra, só pensou em si. Traiu os companheiros. Revelou todos os planos. Aquele homem não era brasileiro. Talvez por isso não tivesse entendido a grandeza do movimento e não sentisse anseios de independência.
Houve prisões, julgamentos. Tiradentes pagou com a vida, em praça pública, o sonho bom que tivera para a Pátria. Morreu como um justo. Rezava nos últimos momentos. Implorava por certo a Deus que a chama da liberdade, que naquela hora amortecia, nunca extinguisse nos corações de seu povo. Aquele que morreu pela liberdade, viu seus rogos atendidos. Não demorou muito e o próprio Regente das terras opressoras concretizava o sonho de Tiradentes com um grito que reboou pela terra afora: Independência ou Morte.”
Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) é um exemplo da valorização de um mito nacional que se enraizou no imaginário brasileiro como um real símbolo de luta pela liberdade. Desde pequenos ouvimos que Tiradentes foi herói nacional.
É necessário destacar que com a Proclamação da República o Brasil precisava da imagem de um “herói”, e foi ai que surgiu o mito. O governo republicano declarou o 21 de abril feriado nacional.
Uma pergunta poderia ser feita: por que Tiradentes foi escolhido herói se fez parte de um movimento elitista? Em conversa com a Professora Adriana Carriel ela destacou que Tiradentes tinha a vantagem de representar também a Independência. A propaganda republicana já explorava a figura de Tiradentes, e com a proclamação este investimento simbólico adquiriu uma dimensão muito maior. Tiradentes era o diferencial porque defendia aspectos que superavam as questões locais. Joaquim Jose da Silva Xavier aliava pouca agressividade, pois derramou apenas o próprio sangue, um mártir a serviço da Pátria, não matou ninguém. O mito Tiradentes servia assim aos interesses republicanos como menciona Jose Murillo de Carvalho: “ herói que se preza tem que ter, de algum modo, a cara da nação, e tem que, ainda, suprir necessidades e aspirações daquele povo. “

A Conjuração Baiana

O Brasil é um país com vertentes opostas em um mesmo período. A Conjuração Baiana (ou ainda Revolta dos Alfaiates) foi uma conjuração de caráter popular e emancipacionista, o que se difere da Inconfidência Mineira e ocorreu na Capitânia da Bahia que fervilhava de queixas contra o então governo. A revolta começou em Agosto de 1798, quando começaram a aparecer nas portas de igrejas e casas da Bahia, panfletos que pregavam um levante geral e a instalação de um governo democrático, livre e independente do poder metropolitano. Os mesmos ideais de república, liberdade e igualdade que estiveram presentes na Inconfidência Mineira, agitavam agora a Bahia, só que com uma grande diferença, dessa vez quem agitava era a massa popular, eles não reivindicavam a derrama, muito pelo contrário, eles queriam um governo democrático, e que por si só levaria também ao início do movimento abolicionista. Um desses panfletos declarava:
Animai-vos Povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais.” (in: RUY, Afonso. A primeira revolução social do Brasil. p. 68.)
Entre as lideranças do movimento, destacaram-se os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, além dos soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, todos mulatos. As ruas de Salvador foram tomadas pelos revolucionários Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas que iniciaram a panfletagem como forma de obter mais apoio popular e incitar à rebelião.
Sem dúvidas de sombras a Conjuração Baiana foi fortemente influenciada pela fase popular da Revolução Francesa, quando os jacobinos liderados por Robespierre conseguiram, apesar da ditadura política, importantes avanços sociais em benefício das camadas populares, como o sufrágio universal, ensino gratuito e abolição da escravidão nas colônias francesas. Todas essas conquistas estavam em efervescências e foram tomadas como símbolos que influenciaram os mais diversos movimentos de independência na América Latina como por exemplo luta por uma República abolicionista no Haiti e em São Domingos, acompanhada de liberdade no comércio, do fim dos privilégios políticos e sociais, da punição aos membros do clero contrários à liberdade e do aumento do soldo dos militares.
A violenta repressão metropolitana conseguiu deter o movimento, que apenas iniciava-se, detendo e torturando os primeiros suspeitos. Governava a Bahia nessa época (1788-1801) D. Fernando José de Portugal e Castro, que encarregou o coronel Alexandre Teotônio de Souza de surpreender os revoltosos. Com as delações, os principais líderes foram presos e o movimento, que não chegou a se concretizar, foi totalmente desarticulado.
Após o processo de julgamento, os mais pobres como Manuel Faustino dos Santos Lira e João de

Deus do Nascimento e os mulatos Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas foram condenados à morte por enforcamento, sendo executados no Largo da Piedade a 8 de novembro de 1799. Outros, como Cipriano Barata e o professor Francisco Moniz foram absolvidos. Os pobres Inácio da Silva Pimentel, Romão Pinheiro, José Félix, Inácio Pires, Manuel José e Luiz de França Pires, foram acusados de envolvimento “grave”, recebendo pena de prisão perpétua ou degredo na África. Já os elementos pertencentes à loja maçônica “Cavaleiros da Luz” foram absolvidos deixando clara que a pena pela condenação, correspondia à condição socioeconômica e à origem racial dos condenados. A extrema dureza na condenação aos mais pobres, que eram negros e mulatos, é atribuída ao temor de que se repetissem no Brasil as rebeliões de negros e mulatos que, na mesma época, atingiam as Antilhas.

fonte: http://www.olharcritico.net/portal/2010/12/17/sala-de-aula-as-revoltas-anticoloniais/

Nenhum comentário:

Postar um comentário