sábado, 7 de outubro de 2023

Porto Pesqueiro na Armando Ribeiro, por trás do Clube Náutico Piranhas, São Rafael RN.












Estiagem faz ressurgir ‘São Rafael’ Publicado: 10/11/2013Atualizado: 09:27:26 - 10/11/2013, no Jornal Tribuna do Norte

 Sara Vasconcelos


Repórter

Olhos desavisados veem apenas ruínas em meio as águas da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves que contrastam com a paisagem seca e castigada. Mas poucos minutos de conversa com ex-moradores e logo todos os espaços da antiga São Rafael são habitados e,  milimetricamente, reconstruídos por lembranças. Em 1983, a cidade distante 216 quilômetros de Natal cedeu espaço para a construção do maior reservatório do Estado e a promessa de “progresso”. Cerca de 3,5 mil pessoas foram relocadas para a nova São Rafael, construída 3 quilômetros acima pelo Departamento Nacional de Obras conta as secas (Dnocs). 

Trinta anos depois e a pior estiagem nesse período, ruínas da “Atlântida do Sertão”, como ficou conhecida a cidade submersa, vem à tona ao passo em que as águas baixam.  Estruturas  que  permaneciam apenas na memória, como as cruzes e o muro do antigo cemitério, reaparecem e se somam ao que restou da torre da Igreja, que tombou em 2010, e demais escombros da cidade. O progresso, por sua vez, observa o historiador Djalmir Arcanjo “deve ter naufragado nas águas da barragem”.

O reservatório , que abastece 22 municípios do Baixo Açu, está com apenas 38% da capacidade máxima de 2,4 bilhões de metros cúbicos – 916,5 milhões de m3 – o mais baixo desde que foi criado, de acordo com dados da Semarh.
Às margens da barragem,  restam os alicerces  da Estação de Trem que trafegava entre Assu, Mossoró e cidades vizinhas e do   Hotel São Rafael que derivou do alojamento militar. Além de escombros da Prefeitura, Posto de Saúde, duas escolas e Telern, os tanques de água que abasteciam à baldes as caixas d’água dos casarões e prédios públicos - sinal de status à época - também permanecem no local.

O piso da quadra de esportes, a praça e coreto onde aconteciam os festas e eventos sociais, preservam as tintas. “Aqui  aconteciam as festas tradicionais, como da padroeira Nossa Senhora da Conceição. A última, em 1981, entrou para a história dos são-rafaelenses com direito a música de despedida”, lembra a Maria da Conceição da Silva Teixeira, de 60 anos, conhecida como “Ceição de Dudu”.

Ela e o pai, o agricultor Antônio da Silva Teixeira, de 93 anos, retornaram a cidade velha após 30 anos. “É a primeira vez que desço até aqui”, disse. Enquanto aponta a localização exata sob as águas, o sertanejo relembra o dia em que deixaram para trás a casa número 33 na esquina da Rua Manoel Tomaz Pinheiro - a uma rua do leito do rio e a duas atrás da Igreja-matriz.

Os são-rafaelenses frisam que não tiveram escolha a não ser mudar para as novas casas, construídas pelo Dnocs, ou para longe dali. Em cima de paus de arara e dividindo a carroceria com móveis e alguns animais, as famílias eram transportadas. “Abandonamos a plantação e fomos jogados em taboleiro que não presta para plantar e vendemos os animais quase de graça, porque não tinha espaço nas novas casas. Ficou pior”, acrescenta Antônio Teixeira.

“Tinha que sair porque as casas seriam derrubadas. O caminhão chegou, colocamos tudo em cima, deixamos para trás nossa história”, lembra Conceição, com lágrimas nos olhos.





Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/estiagem-faz-ressurgir-sao-rafael/266146

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Fotos da Antiga São Rafael, feitas durante a estiagens de 2013.

                      Tanque no muro da casa de Chico Azevedo, Antiga São Rafael
 

                                       Ruinas da Igreja Matriz, Antiga São Rafael 

                  Barcos ancorados próximo as ruinas da Igreja, Antiga São Rafael


                               Ruinas do  Murro da Escola Estadual Tristão de Barros


                      Parte da Torre submersa da Igreja Matriz, Antiga São Rafael 


                         Ruinas do Cemitério da Antiga São Rafael, ano 2014

                       Piso da Quadra de Esporte, construída na década de 1950

                         Piso da Estação Férreo, construída na década de 1950

Fotos: Magnus Nascimento